por Eduarda Esteves
Fernando Oda/Wikimedia Commons ()
A rivalidade entre taxistas e motoristas da Uber e outros aplicativos que circulam na Região Metropolitana do Recife (RMR) não é nenhuma novidade. Foram vários protestos na capital pernambucana e uso de violência no intuito de banir os novos serviços de transporte. Com a proximidade do Carnaval, época em que o transporte público ou privado é essencial para os foliões curtirem as festas, muitas pessoas têm dúvidas de qual meio de transporte utilizar para chegar e ir embora dos focos de folia.
Um levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisas UNINASSAU apontou que 31% dos foliões escolheram “Uber e similares” como opção para se transportar até a folia no Grande Recife. O resultado do questionário também expôs que apenas 4% dos recifenses devem optar pelo táxi como meio de transporte nos dias de Carnaval. Na primeira colocação, o ônibus foi a escolha de 37% dos recifenses.
Confira detalhes da pesquisa no gráfico abaixo:
Em 2018, pela primeira vez, os motoristas do aplicativo Uber vão poder circular livremente pelo Carnaval de Olinda, no Sítio Histórico. A decisão foi anunciada na última quarta-feira (31) durante a coletiva de imprensa da Prefeitura. A Uber é uma das patrocinadoras da festa, com investimento de R$ 1,2 milhão, e tem 22 mil motoristas parceiros em todo o estado, a maioria deles circulando entre Recife e Olinda.
Apesar do secretário de Cultura, Gilberto Sobral, dizer que Olinda segue trabalhando para garantir uma convivência tranquila entre taxistas e condutores de Uber, o clima entre as categorias é tenso. A medida desagradou taxistas e, através das redes sociais, circulam áudios com ameaça de guerras aos profissionais que utilizam o aplicativo.
Terminou sem acordo a reunião entre representantes da Prefeitura de Olinda e os taxistas da Região Metropolitana do Recife (RMR) para discutir a participação do aplicativo UBER durante o carnaval da cidade histórica. O impasse acontecia desde o começo da manhã desta quinta-feira (1º), com protestos em vários pontos da cidade e muito tumulto. A categoria é contra a parceria entre o aplicativo e a Prefeitura da Marim dos Caetés. A reunião terminou por volta das 15h.
De acordo com Everaldo Everaldo Menezes, presidente do Sindicato dos Taxistas, não existe outro transporte, além de táxi e ônibus no Carnaval do Recife. Ele adiantou que são mais de oito mil taxistas rodando nos principais focos de folia e a quantidade de carros é suficiente para atender os foliões. “Não concordo com essa pesquisa. As pessoas pedem muito o táxi até porque na questão de atendimento é o melhor disparado. Trabalhamos 24 horas e ficamos nos principais pontos, de madrugada, de manhã ou a tarde. Os taxistas atualmente estão mais atenciosos com os passageiros e nosso atendimento melhorou 90%”, explicou Everaldo.
Para a fisioterapeuta Aline Fragoso, o amor por curtir a folia muitas vezes é diminuído só de pensar no trajeto na volta para casa, seja do Recife Antigo ou de Olinda. Ela conta que já passou por várias situações de perigo por causa da falta de transporte no retorno a sua residência, na Zona Oeste do Recife. “É sempre um caos. Se for em Olinda, a gente tem que andar muito e os ônibus são sempre muito cheios, os táxis não param porque escolhem as melhores corridas. Uma vez, tive que entrar em um ônibus muito cheio até o Derby e no meio do trajeto, fui assaltada”, lamentou.
Em outro episódio, Aline conta que tentou achar um táxi na saída de Olinda, mas não teve sucesso porque eles estavam cheios e outros não queriam qualquer passageiro”, complementa. Para fugir do caos do transporte público e privado, a fisioterapeuta afirmou que vai apostar no “Expresso Folia”.O ônibus com rumo à Olinda contará com ônibus com ar condicionado ao preço único de R$15, ida e volta, e horário de funcionamento das 9h à meia-noite. As linhas saem dos shoppings Recife, RioMar e Plaza até a Travessa do Pisa, ao lado da igreja Santa Terezinha, em Olinda. O local também é ponto de ponto de embarque para volta.
Após a liberação de motoristas do Uber em Olinda, o condutor do aplicativo Jailson Lucena, 25, comemorou a decisão. “Eu faço o serviço diferenciado e tenho um atendimento de qualidade. Não fico escolhendo corrida, além dos preços mais acessíveis. Um outro ponto é a segurança do aplicativo com o passageiro. Devo trabalhar alguns dias nesse Carnaval e espero que a iniciativa em Olinda funcione para todos”, garantiu.
O taxista Henrique Oliveira acredita que mesmo com a autorização da Uber rodar em Olinda, a demanda ainda é grande. “A gente também trabalha com aplicativos de até 30% de desconto. Estou no ramo há quatro anos e apesar da recessão e da concorrência absurda em termos de valores, o táxi ainda é uma opção muito viável. Acho que principalmente no Carnaval a procura vai ser grande e muito mais do que 4% dos recifenses vão utilizar nossos serviços, que tem mais segurança e mais qualidade”, pontuou o motorista.
A pergunta do Instituto de Pesquisas UNINASSAU foi aberta para os 624 entrevistados no Recife opinarem livremente. As entrevistas foram nos dias 22 e 23 de fevereiro deste ano, com pessoas de 16 anos ou mais residente na capital pernambucana.
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