
Quem nasceu na década de 70 no Recife conseguiu acompanhar de perto o surgimento do grandioso Galo da Madrugada. Formado por famílias e para famílias, o bloco juntou muita gente pelas ruas da capital pernambucana e junto com elas também vieram seus filhos e netos, que tiveram a oportunidade de crescer ao lado da história da agremiação.
O gigante serviu de inspiração para que muitos foliões se reinventassem, mas também descobrissem a paixão pelo frevo e pelo Carnaval do Recife, um dos mais tradicionais e culturais do mundo. Vindo de uma família ligada à música e à poesia, o filho do compositor Alírio Moraes, André Rio foi uma das crianças que naquela época curtiu como pequeno folião o primeiro desfile do Galo da Madrugada em 1978.
Vizinho de Éneas Freire, fundador do bloco, Alírio compôs em 1979 a primeira canção em homenagem ao gigante, intitulada “O Galo da Madrugada”. O compositor que também era advogado morava na mesma rua onde seu 'Neinha', como era chamado pelos mais próximos, tinha irmãos e de onde a agremiação saiu no primeiro ano.
A ligação tão forte entre as famílias começou logo daí. Crescendo em meio àquela irreverência carnavalesca, André Rio se tornou um dos cantores pernambucanos mais apaixonados pelo ritmo do frevo. Aos sete anos de idade, o recifense deu início a sua carreira e aos 20 anos já participava dos desfiles do maior bloco do mundo.
"A história da minha carreira, se confunde um pouco com a história do Galo da Madrugada. Eu vi o Galo saindo no chão. Nesses 40 anos do Galo, eu tive presente em quase 30. Já são 27 anos participando dessa festa, em todos os momentos. Acredito que se eu já sentia essa energia antes, ainda hoje ela me emociona. Minha história com o Galo é afetiva e vem de muito tempo", confessa o artista.
Entre suas canções emblemáticas estão O Maior Carnaval do Planeta e Chuva de Sombrinhas. Esta última, que completa 18 anos nesse Carnaval, é a mais famosa do compositor. Chuva de Sombrinhas faz parte do disco Farol de Olinda, lançado em 2000, por André Rio, e também teve a contribuição da cantora Nena Queiroga. Quando André pensou em fazer a música, sua referência era compor uma canção que homenageasse diversos ícones do Carnaval pernambucano e sobretudo o Galo da Madrugada.
"Eu acho que o Galo ele até hoje mantém esse frevo pulsante. Ele não só cresceu, ele se profissionalizou. A cada ano ele renasce e a gente sente isso. Toda vez que a gente está ali, o sentimento é de primeiro ano. As pernas tremem, o coração acelera, e a emoção toma conta", revela André.
Para o compositor que acompanhou o surgimento e o crescimento do bloco, conhecer o Galo da Madrugada foi uma paixão arrebatadora. Aos 47 anos, André Rio ainda participa todos os anos de eventos na sede da agremiação durante as programações e acompanha o desfile no trio elétrico. Este ano, ao lado do cantor vai estar também o artista Jota Michiles, que é homenageado do Carnaval do Recife, juntamente com Nena Queiroga.
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