É meia-noite. As luzes da rua de se apagam. Duas tochas são acesas. Fogos de artifício no breu. Apenas os tambores em cima do palco permanecem sendo ouvidos. O público se silencia, atento. É chegado o ápice da Noite dos Tambores Silenciosos no Recife.
As nações de Maracatu do Baque Virado tradicionalmente se reúnem na segunda-feira (12) no pátio da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Sao José, centro da cidade. O evento é uma celebração à Virgem do Rosário, padroeira dos negros.
No escuro e no silêncio, o babalorixá mais antigo entoa loas, os versos de louvor. A cerimônia é quase hipnótica para o público, que se espreme nas calçadas. "É muito emocionante, principalmente o começo, quando estão todas as nações juntas", diz Ednelson José, que é rei de maracatu.
Tradição - No Brasil, negros escravos não podiam celebrar suas tradições. Suas cerimônias eram realizadas às escondidas e em silêncio, o que deu origem à Noite dos Tambores Silênciosos. O ritual continuou mesmo após a abolição da escravatura.
Segundo a Fundaj, em 1965, por iniciativa do sociólogo e jornalista Paulo Viana, houve uma campanha de valorização dos ritos africanos, que esteve em decadência com o início da ditadura militar. Foi nessa época que o evento foi oficializado no Pátio do Terço, em São José.
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