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Repressão • 16/02/2018 - 11:40 • Atualizado em: 16/02/2018 - 12:21

Blocos de Belo Horizonte assinam manifesto contra violência da Polícia Militar

Grupos relatam que a Polícia Militar de Minas Gerais atirou bombas e balas de borracha, interrompeu festas com violência e realizou dispersões de grupos de forma descabida

por Jorge Cosme
Mais de 70 blocos assinam manifesto Reprodução/Facebook/Carnaval de Rua BH (Mais de 70 blocos assinam manifesto)

Mais de 70 blocos do Carnaval de Belo Horizonte-MG assinam um manifesto contra a repressão policial. Eles relatam que a Polícia Militar de Minas Gerais atirou bombas e balas de borracha, interrompeu festas com violência e realizou dispersões de grupos de forma descabida duarnte os dias da festa de Momo.

"É na periferia, no entanto, que a repressão, assim como ocorre no cotidiano, ganha feições de terror. Na Segunda-feira de Carnaval, a PM invadiu o final do Bloco Filhos de Tcha Tcha, que estava na Ocupação Paulo Freire, no Barreiro, e, sem nenhuma justificativa ou tentativa prévia de diálogo, atacou as pessoas que ali festejavam, incluindo crianças, com tiros de borracha, cassetetes, spray de pimenta e bombas de efeito moral. Muitas pessoas ficaram feridas e duas foram detidas, uma delas na UPA enquanto era atendida", diz o documento.

Segundo os grupos, todos os fatos têm em comum que as festas 'transcorriam em paz e segurança até a chegada da polícia'. "A PM apareceu para barbarizar com foliãs e foliões", afirma ainda o texto. Outros casos citados ocorreram no evento Kandandu - Encontro de Blocos Afros, realizada na sede do PSOL, quando a polícia atirou bombas, e na Guaiacurus, com interrupção do show do músico Marcelo Veronez.

Em seu perfil no Facebook, o músico Marcelo Veronez diz que o evento ocorria tranquilamente até que a PM fez um um cordão na frente do palco. "Tinha muita vontade de fazer o show pra galera da perifaria. As pessoas foram retiradas de forma autoritária, desproporcional, sem nenhum motivo. Não havia nenhuma sombra de confusão", assinalou.

Os blocos responsabilizam pelas ocorrências o comandante-geral da PMMG, Helbert Figueiró; o secretário de Segurança Pública, Sérgio Barboza Menezes; e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Outros relatos descritos no manifesto:

 No Centro, uma jovem foi presa no Mikatreta por usar boné com símbolo da maconha;

- No Bairro Nazaré, o Baile Uai Sound System foi constrangido e ameaçado por tocar reggae;

- No Carlos Prates, a PM usou de violência para dispersar o Bloco Pisa na Fulô;

- Na Praça da Liberdade, dispersão violenta realizada pela PM e Guarda Municipal, com uso de motos e carros;

- No Santa Tereza, intimidação cotidiana para fazer valer o toque de recolher;

- No Centro, demonstração ostensiva de força na dispersão do Garotas Solteiras;

- Na Praça Raul Soares, Bloco Unidos do Barro Preto, spray de pimenta para dispersar o resto do pessoal que estava sentado na grama jogando conversa fora;

- Por toda a cidade, esculacho de ambulantes;

- No Sagrada Família, abordagem abusiva e arbitrária a um jovem no I Wanna Love You ;

- No Santa Lúcia, violência para dispersar os foliões do Bloco Baião.

Sobre as acusações, a Polícia Militar disse que não foi comunicada oficialmente. A corporação destacou ainda que em quase mil eventos na capital mineira não houve destaque para a violência. A PM ressalta que irá "sempre atuar em face da prevenção dos eventos – o que foi realizado com eficiência no Carnaval 2018 – todavia, sempre que houver ruptura da ordem pública, agirá no sentido de restaurá-la nos limites previstos pelo uso diferenciado da força e do ordenamento jurídico em vigor", finalizou em nota.

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