Clicky

Estilo • 28/02/2019 - 18:31 • Atualizado em: 28/02/2019 - 19:32

Carnaval e o estilo dos "galerosos" de cabelo colorido

Maninho, que começou a exercer sua profissão no terraço de casa, diz que antigamente o amarelo e o rosa era o que mais a galera queria fazer. Atualmente, na época do carnaval, de cada 10 pessoas que procuram o seu salão, 5 pedem para platinar o cabelo

por Jameson Ramos
Ítalo Vieira (Cabelinho)Para o Carnaval, cada um com o seu estiloPara o Carnaval, cada um com o seu estiloClaúdio Emanuel (Maninho)
(

Durante o Carnaval vale de tudo para chamar a atenção e tentar se diferenciar no meio da multidão. Nas favelas do Grande Recife, é muito comum os jovens mais “descolados”, chamados de “galerosos”, pintarem o cabelo para curtir as festividades nos principais pontos de folia ou na própria comunidade. Com cabelo amarelado, rosa, vermelho ou platinado, o que os galerosos querem mesmo é chamar a atenção.

Por conta disso, crescem as demandas nas barbearias das periferias. Cláudio Emanuel, 27 anos, mais conhecido como Maninho, é cabeleireiro há 10 anos na comunidade do Caiara, localizada no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife.

É ele quem faz “a cabeça” da rapaziada antes, durante e depois do Carnaval. Maninho, que começou a exercer sua profissão no terraço de casa, diz que antigamente o amarelo e o rosa era o que mais a galera queria fazer. Atualmente, na época do carnaval, de cada 10 pessoas que procuram o seu salão, 5 pedem para platinar o cabelo. Pelo serviço, o profissional cobra R$ 15 pelo corte e R$ 20 para platinar.

Italo Vieira, 19 anos, não só aderiu às mudanças de cor do cabelo para o Carnaval, como estendeu essas transições para se diferenciar dos demais durante todo ano. “Eu não gosto de ser igual a ninguém, por isso pinto o meu cabelo todo mês - principalmente no Carnaval -, tenho que dar uma diferenciada da galera”, diz Ítalo, que trabalha como barman.

As mudanças capilares são tão frequentes no jovem que se alguém chegar no bairro da Iputinga perguntando quem é Ítalo, capaz de muitos dos moradores não saberem de quem se trata; mas se perguntar por “Cabelinho”, aí, sim. Esse foi o apelido que os amigos deram para o jovem Ítalo.

“Eu comecei faz quatro anos. No começo eu usava dread e pintava muito ele, por isso que muita gente começou a me chamar de Cabelinho”, lembra.

Para o cabeleireiro Cláudio Emanuel, ”a galera pinta o cabelo nessa época porque, mesmo que fique ‘feio’, tudo vale no Carnaval”. Mas nem tudo são flores. Por conta desse estilo, Maninho alerta que os meninos acabam ficando “visados” pela Polícia Militar durante a folia de momo. “A polícia já olha diferente para a pessoa, pensando que ela é maloqueira - o que nem todo mundo é”, reforça.

Engana-se quem pensa que só veteranos vão arrumar o cabelo para o Carnaval. Matheus Noberto, 18 anos, não resistiu e acabou que se rendendendo à moda anual. “Confesso que já tinha feito uma outra vez, mas não para o Carnaval. Geralmente era para foto, e só. Esse ano eu resolvi fazer diferente para brincar”, relata Matheus.

Confira as transformações

Comentários