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Denúncia • 05/02/2020 - 12:10 • Atualizado em: 05/02/2020 - 12:13

Terça Negra Especial de Carnaval acaba com ação truculenta do Grupo Tático Operacional do Recife

Frequentadores do evento acusam os oficiais de imprudência e racismo durante ação realizada na festa da última terça (4)


 

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Reprodução/Facebook Frequentadores da festa compartilharem imagens da ação nas redes sociais (Reprodução/Facebook)

A segunda edição da Terça Negra Especial de Carnaval, realizada na última terça (4), no Pátio de São Pedro - área central do Recife -,  terminou em um clima nada carnavalesco. Segundo relatos do público presente, uma ação do Grupo Tático Operacional do Recife (GTO), grupamento da Guarda Civil Municipal, acabou gerando tumulto e correria devido à truculência dos oficiais que chegaram a usar spray de pimenta e disparar tiros. O motivo teria sido a apreensão de um rapaz que frequentava a festa. A ação acabou saindo do controle e o evento precisou ser encerrado. 

Segundo relatos publicados na internet, acompanhados de vídeos e fotos, os oficiais do GTO abordaram um rapaz que estava presente no evento com empurrões e violência. Procurado pelo LeiaJá, o coordenador da Terça Negra, Demir da Hora, explicou o ocorrido: “Durante a última apresentação, do Sistema X, a Guarda Municipal deteve um garoto negro lá dentro da Terça Negra. Eu não sei o que o rapaz estava fazendo, ou do que ele estava sendo acusado, porque o tumulto foi muito grande. Todo o público se voltou contra a Guarda Municipal que peitou e disse que não ia largar o rapaz, de jeito nenhum”.

De acordo com Demir, ele decidiu encerrar o evento por conta do confusão e tentou esclarecer a situação junto aos oficiais: “Eu chamei o comandante da Guarda para conversar, me apresentei disse que era do Movimento Negro Unificado e estava organizando a festa junto com a Prefeitura. Quando ele pegou o rapaz pra sair, pra gente conversar (em outro lugar), a população se revoltou e começou o quebra quebra, todos foram pra cima da Guarda, eles ficaram acuados, e teve tumulto para tentar soltar o rapaz. A Guarda Municipal bateu, foi spray de pimenta, tiro pra cima, eu também tive que sair do local. Mas graças a Deus, não teve nenhum ferido”

Nas redes sociais, os relatos de alguns presentes demonstraram a revolta do público que acredita que a ação do GTO tenha se dado por racismo: “Não tem como manter a sanidade quando se tem irmãos e irmãs sendo perseguidos pelo tom de nossa pele”; “Tudo normal até que o GTO pratica mais uma cena de racismo e de despreparo para com a galera que deveria ser defendida por eles”. Para o coordenador da Terça Negra, houve “imprudência” por parte dos oficiais: “A gente vai acionar o Ministério Público através do Conselho de Igualdade Racial e do Conselho de Direitos Humanos do Recife, para apurar e saber o que aconteceu”, afirmou. 

Através de nota oficial, a Secretaria de Segurança Urbana do Recife afirmou que será instaurado um procedimento de investigação para que os fatos ocorridos durante o evento sejam apurados. A nota também esclarece que a Guarda Civil Municipal não trabalha com arma de fogo e que os oficiais que tiverem feito uso de tal equipamento serão responsabilizados. Além disso, a secretaria manifesta seu repúdio a "qualquer ato de preconceito, agressão e violência por parte dos agentes".

Confira a nota na íntegra.  

A Secretaria de Segurança Urbana do Recife, através da Corregedoria da Guarda Civil Municipal, determinou a instauração de procedimento investigatório para apurar os fatos ocorridos na última terça-feira (4), no evento Terça Negra. A Secretaria de Segurança Urbana repudia todo e qualquer ato de preconceito, agressão e violência por parte dos agentes da GCMR. Não faz parte dos equipamentos de trabalho da Guarda arma de fogo. Quem fez uso da mesma responderá pelos seus atos. Para denúncias, reclamações e sugestões, a Corregedoria possui um canal direto de comunicação com a população, através do telefone 3355-8326.


 

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