
O maracatu de baque virado é um dos símbolos do Carnaval pernambucano. Tanto é que, por 16 anos, foi a reunião das nações na Praça do Marco Zero a responsável por abrir oficialmente os festejos momescos do Recife. Após a morte de Naná Vasconcelos, que idealizou e comandava a festa, o evento foi transferido para a quinta-feira que antecede o início do Carnaval e batizado de Tumaraca. A mudança se acomodou no calendário carnavalesco recifense mas, alguns maracatus de fora da capital reclamam pela falta de apoio para participar do Tumaraca.
Sediada em Jaboatão, município da Região Metropolitana do Recife, a nação Aurora Africana reclama a falta de ajuda para montar a estrutura necessária para realizar os ensaios para o evento. Segundo Danillo Mendes, mestre do maracatu, eles dependem da Prefeitura de Jaboatão, ainda que o evento seja realizado pela Prefeitura do Recife, para obter essa ajuda. O mestre afirma ter solicitado aos gestores locais apoio para montagem de um palco e som desde o início de 2020, mas a resposta que obteve foi negativa. "Hoje a gente vai fazer com a estrutura que a gente tem, com o som que a gente tem. Mesmo que não tenha condições para comportar um coro, como o Voz Nagô. A gente não sabe se vem convidado hoje, se vier, como vai ser?", questiona. Os ensaios realizados nas sedes das nações costumam acontecer com a presença dos artistas escalados para se apresentar no Tumaraca. Neste ano, além do coral Voz Nagô, participam o cantor Marrom Brasileiro, a coquista Aurynha do Coco e o grupo Coco Raízes de Arcoverde.
Danillo complementa: "São duas coisas que muita gente confunde. O Carnaval é de Pernambuco, a abertura é no Recife mas a verba que vem é do Carnaval de Pernambuco. Sendo que, a prefeitura do Recife dá esse apoio às agremiações do Recife com palco e estrutura para se fazer o espetáculo. Já nas cidade da Região Metropolitana que participam, eles têm que arcar com isso". O Tumaraca conta, ainda, com outra nação sediada em Jaboatão, o Xangô Alafim.
Procurada por esta reportagem, a Prefeitura de Jaboatão não respondeu aos questionamentos dentro do prazo proposto. Também questionada pelo LeiaJá, a Prefeitura do Recife esclareceu que "a legislação proíbe o uso de verba pública para eventos fora da jurisdição do município"; confira na íntegra.
A Prefeitura do Recife preza sempre pelo fortalecimento da Cultura Popular em suas mais variadas manifestações porque a gestão entende que é a riqueza desta diversidade que faz com que nossa cidade honre o título do maior Carnaval de Rua do Brasil.
O Tumaraca – Encontro de Nações, bem como outros eventos da programação oficial do Recife como o Concurso de Agremiações, é composto por Nações de Maracatu não só do Recife, tal como acontece com os concursos de Ursos, Tribos de Índio, Maracatus de Baque Solto e Encontros de baques de Caboclinhos e Indígena. Entretanto, assim como qualquer ação que envolve a gestão pública de recursos nas mais diversas áreas, a Legislação exige que ações de Carnaval sejam realizadas na área de jurisdição do município.
Ressalte-se, entretanto, que todas as Nações envolvidas no Tumaraca, encontro que acontecerá no dia 20 de fevereiro, recebem cachê por cada ensaio e pela apresentação em si. No caso, um ensaio em comunidade, um ensaio coletivo na rua da Moeda e um ensaio geral, que antecede o encontro, pelo qual é pago cachê.
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