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Comércio • 21/02/2020 - 17:16 • Atualizado em: 21/02/2020 - 17:16

'3 latão é 10': cerveja é esperança de boa renda no Carnaval

Em Olinda e Recife, há cerca de 2 mil comerciantes cadastrados para os dias de folia. Preço baixo da cerveja fideliza foliões 

por Lara Tôrres
A venda de cerveja na folia traz renda extra e movimenta o comércioCarina busca por suas cervejas prediletas durante a festaÉ importante ter moderação e se hidratar enquanto consome álcoolA venda de cerveja na folia traz renda extra e movimenta o comércioA venda de cerveja na folia traz renda extra e movimenta o comércioLucimario José busca os melhores preços na hora de comprar bebidas

O Carnaval é um momento de alegria e brincadeira para os foliões, mas, para os que desejam trabalhar em busca de uma renda extra, os dias de folia podem representar oportunidade de negócio lucrativo. A venda de cerveja durante as festas de rua é um dos principais ramos de empreendedorismo carnavalesco. Para o Carnaval de 2020, há 1.500 vendedores ambulantes credenciados para atuar em Olinda. Já no Recife, são 449 ambulantes credenciados para a venda de comidas e bebidas, além de mais 100 vendedores volantes, que não vendem bebidas.

No Recife e em Olinda, a oferta de 3 latões de cerveja por R$ 10, o famoso bordão “3 é 10”, ou mesmo ofertas mais em conta, movimentam o comércio local e mobilizam diversos trabalhadores que buscam melhorar a renda e garantem: os lucros compensam. Cícero Carneiro da Silva tem 61 anos, trabalhava como pedreiro antes de precisar deixar a atividade devido a problemas de coluna e há 25 anos vende cerveja no Galo da Madrugada, maior bloco do mundo que desfila nas ruas do Recife neste sábado de Carnaval. Ele conta que trabalha vendendo latões de cerveja para ganhar um dinheiro extra, e que o valor arrecadado vale a pena. 

“Quando vendo bem no Galo, consigo lucrar R$ 700, R$ 800. Em dias de movimento mais fraco, lucro uns R$ 200, R$ 300”, disse o vendedor. Para Cícero, o segredo para conseguir efetuar as vendas é oferecer um bom atendimento aos fregueses. “Tem que ajeitar a pessoa, ser educado, oferecer e convencer o cliente, se não, não vende”, comentou.

Já o vendedor de frutas Edilson Cosme, de 30 anos, se preparou para vender cervejas no Carnaval pela segunda vez em 2020. No último ano, ele conseguiu faturar um bom valor e agora espera conseguir R$ 500 de lucro ou mais. Para conseguir efetivar suas vendas, uma das estratégias adotadas por Edilson foi o uso de uma maquineta para aceitar pagamentos com cartão. “É um diferencial que aumenta as vendas, porque muitas vezes a pessoa não está com dinheiro, eu ofereço o pagamento com cartão e aumento R$ 1 no valor por causa dos juros”, explicou ele. 

Neste mês de fevereiro, cerca de mil vendedores ambulantes de Olinda e outros 300 do Recife receberam treinamento da cervejaria Ambev, que patrocina o Carnaval das duas cidades, para atuar durante as festas, e receberam kits para o trabalho em meio à folia. No que diz respeito à sustentabilidade, haverá uma ação de limpeza promovida por 421 catadores de lixo durante os quatro dias de festividades. O material recolhido será reciclado, transformando-se em lixeiras para as cidades de Olinda e Recife.  

Eliene de Aguiar tem 35 anos, é atendente de telemarketing e conta que quando sai no Carnaval, a cerveja é a bebida predileta. Ela não costuma fazer muitas pesquisas de preço, mas garante que dá para curtir sem gastar demais. “Com R$ 50 dá para brincar bem, tranquila, em um dia de festa", afirmou ela. Já a dona de casa Carolina Ferreira, de 27 anos, costuma buscar pelas suas marcas de preferência durante os blocos. Perguntada sobre quantas latas em média consome em um dia de folia, ela respondeu: “Fui para um bloco perto de casa essa semana e tomei 21 latas dessa”.  

Lucimario José da Silva tem 39 anos, é trabalhador autônomo e pretende sair em dois dias neste Carnaval. A cerveja e a água, segundo ele, são as bebidas que mais consome durante os blocos para não correr risco de passar mal e manter a saúde. Para economizar na folia, Lucimario conta que costuma procurar as ofertas que estão mais em conta. “Gosto bastante de tomar cerveja, a cada três eu tomo uma água mineral. Eu gasto em média R$ 150 por dia de Carnaval, dá para umas 30 cervejas e umas 20 garrafas de água mineral, é bom demais, o melhor Carnaval está em Pernambuco”, afirmou o folião.

Tão importante quanto se divertir durante a folia é lembrar da segurança e dos cuidados com a saúde. O consumo de álcool nos dias de festa deve ser feito com responsabilidade e moderação, para evitar problemas e acidentes. Fábio Queiroga é médico, clínico geral, e explica que depois de um primeiro estado de euforia, o álcool tem um efeito depressor do sistema nervoso central que pode ser perigoso. “Estando num Carnaval de rua, no calor, e bebendo muito, a pessoa esquece de necessidades básicas como a hidratação. Bebidas alcoólicas não hidratam, pois fazem a pessoa suar muito, fazem a pessoa urinar mais”, explicou o médico. 

Fábio também esclareceu que em quantidades muito elevadas, o efeito depressor se eleva até que a pessoa perca a consciência (coma alcoólico) e corra outros riscos, podendo até morrer. “A pessoa tem uma sonolência muito grande, dorme, pode parar de respirar, pode vomitar e sufocar, dar alterações no sangue e o paciente corre risco de morte”, alertou o médico. Juntar bebidas alcoólicas com outras drogas, especialmente as ilícitas, segundo o médico, pode ter um efeito “bombástico” no organismo, levando à possibilidade de outras complicações e aumentando o risco de morte. 

A orientação do médico para quem deseja curtir o Carnaval e vai beber durante a festa aponta que as pessoas devem se preparar para beber, se hidratando e alimentando bem antes e durante o momento da ingestão alcoólica. “Se programe para beber, procure meios de não perder o controle da quantidade ingerida. É importante a pessoa estar bem alimentada, lanchar, almoçar, além de estar sempre tomando água, sucos e comendo frutas para evitar a desidratação. E, é importante lembrar, não dirigir em hipótese alguma”, finalizou o médico.

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