por Lara Tôrres
O grupo de Afoxé Ará Odé, que significa “Povo de Odé”, um orixá do Candomblé, celebrou seus 38 anos de história e resistência como o mais antigo afoxé em atividade de Pernambuco, no Encontro de Afoxés promovido na noite deste domingo (23), no Pátio do Terço, no Recife. Mãe Lu, de 63 anos, é a presidente do Ará Odé e conta que foi a primeira Rainha de Afoxé do Estado.
Perguntada sobre o que levou o seu grupo a se manter vivo e firme por tantos anos, Mãe Lu aponta para a resistência. “Não é fácil ter um grupo com mais de 30 anos. Demorou para Olinda aceitar, as pessoas diziam que Xangô estava na rua, que tinha macumbeiro na rua, pois esses ‘macumbeiros’ estão aí até hoje”, contou Mãe Lu.
Mãe Lu aponta o racismo como motivo principal da intolerância religiosa que seu grupo e outros Afoxés podem sofrer. Questionada se o grupo já foi alvo de ataques, Mãe Lu diz que não e complementa a sua resposta dizendo que o “Ará Odé sempre onde chega, brilha”.
Apesar de toda a história de resistência e permanência nos carnavais, o Ará Odé corre risco de deixar de existir devido à falta de subsídios por parte dos governos. Tereza de Oyá tem 69 anos, também faz parte do grupo e explica que colocar um Afoxé na rua tem um custo alto. Apesar disso, Tereza aposta na força da história dos afoxés e de seu povo para manter essa tradição viva. “É um legado cultural, é um legado educacional, é um legado de valores dos nossos ascendentes, dos nossos descendentes da cultura afro brasileira. Essa história não vai acabar nunca, vai sempre se renovar”, afirmou ela. Ao todo, 23 grupos de afoxé participaram do encontro na noite deste domingo.
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