O bloco Vaca Profana se mantém vivo e desfila tons políticos no Carnaval de Olinda. Após uma tentativa de impedimento, sob alegação de atentado ao pudor, a idealizadora da agremiação feminina garantiu mais um desfile empoderado atrás da Praça do Carmo.
Em seu quinto ano, o bloco já conquistou milhares de adeptas do Carnaval politizado. Na edição de 2019, a idealizadora Dandara Pagu calculou cerca de 5 mil mulheres, que reivindicaram o direito sobre seus corpos em plena folia. "Se carnaval tem uma permissividade, por que quando chega na mulher isso é barrado?", questiona a organizadora.
A tradição do Vacas Profanas remete à liberdade feminina. Para mobilizar a sociedade, durante duas horas as mulheres vão às ruas com os seios à mostra. No entanto, ter atitude para carnavalizar livremente muitas vezes traz julgamentos e ataques. "Hoje em dia a gente não tem tanto assédio. A ideia do desfile é para as mulheres e a gente busca evitar o contato para não criar atritos. É pelo bem delas", explica.
O bloco que é fruto de uma agressão policial ainda sofre com a opressão. Uma semana antes do reinado de momo, correu nas redes sociais a informação que o desfile deste ano seria cancela após uma solicitação da deputada estadual Clarissa Tércio (PSC).
Contudo, Dandara reafirmou o grito de empoderamento que reverbera no Vacas Profanas e afirmou que não recebeu nenhuma notificação. "Judicialmente não tem nada, eu não recebi nada. E só uma fake news, assim como esse governo gosta de trabalhar... A gente vai sair!", ressaltou.
Mesmo infundado, o boato gerou uma solicitação do bloco frente à Secretária de Defesa Social. A organização pediu a presença de policiais militares mulheres para manter a segurança. Porém, o pedido não foi atendido e um efetivo misto foi enviado.
Para Dandara, a postura da deputada foi uma tentativa de chamar atenção, mas acabou tendo o efeito reverso. Isso por que o bloco cresce a cada Carnaval e, inclusive, expandiu e passou a marcar presença na semana pré-carnavalesca de São Paulo há três anos.
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