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Denúncia • 26/02/2020 - 17:08 • Atualizado em: 27/02/2020 - 11:35

"Não pode tocar Chico Science": artistas relatam intervenção da PM em shows no Carnaval do Recife

Dois dos casos ocorreram em shows do cantor China e da banda Devotos

por Jameson Ramos
Arthur Souza/LeiaJá Imagens/Arquivo Denúncias apontam abusos (Arthur Souza/LeiaJá Imagens/Arquivo)

Cantores e bandas que se apresentaram no Carnaval do Recife denunciaram abusos por parte da Polícia Militar de Pernambuco. A banda Janete Saiu Para Beber afirmou que, enquanto tocava a música "banditismo por uma questão de classe", de Chico Science e Nação Zumbi, a PM fez uma barreira entre os artistas e o público e ameaçou levar o vocalista preso. O fato foi revertido pela produção do show, que aconteceu no dia 24 de fevereiro, na rua do Apolo, Recife Antigo. 

Os integrantes da banda relatam que a justificativa dada pela PM era que “Chico Science não pode tocar”. O cantor da banda Devotos, Cannibal, disse à nossa equipe de reportagem que também, depois de tocar “banditismo por uma questão de classe” no polo da Várzea, Zona Oeste do Recife, na terça-feira (25), a sua equipe de produção foi alertada pelos PMs que se insistissem em canções desse tipo o show seria encerrado. Um trecho da canção diz: "em cada morro uma história diferente e a polícia mata gente inocente".

Horário

Já no show do cantor China, que aconteceu na terça (25), a Polícia Militar subiu no palco para finalizar o show. O cantor afirma que a justificativa dada foi de que o horário da apresentação já tinha estourado e que precisava ser encerrada. A programação oficial divulgada pela Prefeitura do Recife, mostra que o cantor deveria começar o show às 23h40. A empresária Pamella Gachido confirma que por volta das 22h a equipe já estava no local para fazer o show, mas o cantor só pôde entrar no palco por volta da 1h da madrugada por conta do atraso da própria programação local.

“Tivemos que cortar algumas músicas do repertório e enquanto China cantava a última música para deixar o palco a PM subiu para encerrar o show”, lembra Pamella Gachido, empresária do artista. Ela aponta que, junto com a sua produtora, conseguiram convencer a polícia a não entrar no palco e que China viu toda a movimentação, mas preferiu resguardar o público e não falar nada. “Não entendemos por que a polícia queria intervir. Estávamos lá desde às 22h trabalhando e deveríamos ser protegidos como todos”, lamentou.

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